terça-feira, 7 de junho de 2011

Concessionárias da Volks sentem reflexos da greve no faturamento

Não são somente os 3,1 mil trabalhadores da Volkswagen de São José dos Pinhais e os diretores da empresa que estão na expectativa pelo fim da greve, os vendedores das concessionárias de Curitiba fazem coro pelo encerramento do impasse, uma vez que constataram uma queda de até 20% no faturamento do mês passado, por conta da escassez dos modelos produzidos pela unidade paranaense.

A demanda aquecida registrada em maio, com 26,1% de crescimento em relação ao mesmo período de 2010, não foi capaz de evitar o prejuízo de quem ganha por comissão. “Tentamos desviar para modelos semelhantes de outras marcas, mas tem comprador que desiste da compra ou tenta conseguir em outra concessionária, principalmente, quando se trata do Fox”, conta o vendedor da Concessionária Corujão, Garibaldi Gomes de Menezes.

Na contramão das previsões da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que afirmou na semana passada haver entre 10 e 24 dias para começar a faltar produto, as concessionárias da capital apontam que o problema já vem ocorrendo há alguns dias com os veículos fabricados em São José – Fox, Fox Prime, Cross Fox e Golf.

O comportamento imediatista que caracteriza o consumidor brasileiro faz com que a maioria peregrine por várias concessionárias a fim de encontrar o modelo. Quando isso não ocorre, somente a minoria opta por comprar e esperar a normalização da produção. “Nessa movimentação do cliente por outras lojas, perdemos vendas. Além disso, quem compra e espera, por vezes, acaba desistindo devido a falta de previsão para o fim dessa greve. Isso tem que acabar de qualquer jeito”, defende Menezes. “A contar do dia em que terminar a greve, as concessionárias devem amargar um período de pelo menos 20 dias para que se normalize o fornecimento de carros”, prevê.

Dependendo do que for proposto pela diretoria de Volkswagen na reunião marcada para as 8h desta terça-feira (7), a greve poderá ter um ponto final. Na semana passada, a empresa chegou ao valor de R$ 5,2 mil para a primeira parcela de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) 2011, assim como foi acertado para os trabalhadores paulistas. Porém, a negociação esbarrou na flexibilização das horas adicionais, as quais a empresa queria adicionar a contratação de 17 sábados, sete neste ano, e 10 para 2012, além da compensação dos dias greve, que se daria em dois dias a mais por mês.

“A empresa que provocou a greve, quando se negou a pagar a mesma PLR acertada com a Renault, isso tem que ser levado em consideração na negociação”, recorda o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka. “Não dá para entender por que a empresa continua radicalizando”, questionou. “A ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostrou que tivemos um maio que bateu recorde em vendas e, nos cinco primeiros meses do ano, aumentou em 8,8% o número de carros vendidos no país”, reforçou o secretário-geral do SMC, Jamil Dávila.

Com 33 dias de greve, já deixaram de ser produzidos 18.630 veículos. O prejuízo da empresa chega a R$ 745,2 milhões

Fundo de greve tem fôlego para mais um mês

Sem salários referente ao mês de maio, devido à greve, cerca de 1,2 mil metalúrgicos já acionaram o Fundo de Greve do SMC. De acordo com Butka, o fundo funciona como um empréstimo que deverá ser pago no recebimento da segunda parcela da PLR, prevista para o início do ano. Quanto à duração desse fundo, o SMC diz que os recursos são suficientes para 30 dias de paralisação.

Um dos metalúrgicos, que já está fazendo uso do fundo, é Assis Paiva. Ele conta que mesmo com a pressão por conta da falta de salário segue com a greve enquanto a proposta não melhorar. “Desde 2005, quando conseguimos diminuir de 42 horas semanais para 40 horas a jornada, eles pressionam para aumentar os dias adicionais. Porém, a jornada já é extremamente desgastante, não conseguimos ir ao banheiro, tamanha a rapidez da produção na planta de São José. É por isso que tem tanta gente afastada por licença médica”, aponta. “Estou usando o fundo de greve, mas tem gente que mesmo com essa ajuda já entrou no vermelho, porque um mês sem salário faz falta. Porém, o pessoal sabe que há pontos nessa negociação que não dá para abrir mão”.
Magaléa Mazziotti

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